Acordar todo dia junto, ver o outro se levantar como sempre fez, escovar os dentes andando pela casa, abrir o mesmo armário da cozinha, sempre pedir o seu café, sempre com o mesmo cigarro, dar o mesmo tipo de beijo, o mesmo abraço, trocar as mesmas palavras, fazer o mesmo percurso, fechar a porta de um jeito igual ontem, anteontem e semana passada… Nem sempre a saída é mudar a rotina, tomar café na cama, preparar surpresas, fazer sexo matinal, dar outros beijos e abraços etc. Há limite para o novo. Podemos ter prazer com o habitual, com o velho,com o convencional. É ele nosso verdadeiro parceiro. É ele que todo dia está lá, enquanto que a aventura nos abandona a sim que se passa o frio na barriga.
Antes de morar junto, por favor, casem. A mudança das paredes, de ter o mesmo teto consolida um casamento de qualquer modo, apenas admitam e superem qualquer antipatia a essa instituição falida, amontoados de rótulos e opiniões alheias. Mesmo para os casais mais moderninhos, a afirmação “somos casados” é bem diferente do que “moramos juntos”. Além disso, morar junto sem festa de casamento e lua-de-mel é cair na pior parte do casamento sem aproveitar a melhor – a rotina. Se não quiserem enfrentar papéis e não simpatizarem com religião alguma, apenas celebrem: chamem os mais próximos, dancem, se declarem publicamente ao som da música mais linda e comecem uma vida a dois só depois de chegar do aeroporto.
O amor é uma condição do ‘Senhor’ estado de espírito, e nada é bom com perspectiva de duração quando se é monótono.
